terça-feira, 18 de maio de 2010

Amar 2 pessoas ao mesmo tempo. É possível?


"Amor por dois" é mesmo "amor"? E, além disso, é "ao mesmo tempo" ou em "ocasiões distintas"?


A pergunta, que sempre nos fazem e sempre há quem responda de forma objetiva (em geral dizendo "não"; sem contar os que digam "sim", claro), não deixa de ser um absurdo equívoco conceitual. Como saber se o amor é um amor? Como saber se o outro amor é também um amor? E, por fim, trata-se de "amar ao mesmo tempo"?

Sim, é claro: HÁ CASOS DE QUEM AMA DUAS OU MAIS PESSOAS AO MESMO TEMPO. A resposta é "sim". É possível, contudo, amar duas pessoas ao mesmo tempo.

"Ah, mas como saber se era amor-amor?" - sei lá, isso não tem mesmo como saber. Mas a questão não é EXATAMENTE essa. Pode ser paixão, pode ser um "gostar muito muito muito" etc. O que está em discussão é a possibilidade de se gostar absurdamente de duas pessoas ao mesmo tempo e, sim, isso é possível.

A paixão quando surge em nossas vidas, é tão intensa que se torna impossível dividi-la. Ficamos em um estado de tanta urgência e encantamento, que só conseguimos pensar em uma única pessoa. Mas, parece que é possível amar duas pessoas ao mesmo tempo, sim. Vejamos: Segundo os psicólogos, é possível amar duas pessoas ao mesmo tempo, mas de formas diferentes. Isso porque há vários tipos de amor como o Eros (mais ligado ao físico e muito intenso), o Estorge (um amor que nasce de uma amizade, baseado em companheirismo) e o Pragma (ligado a interesses econômicos ou sociais). Todos já passaram por uma experiência em que se viu amando duas pessoas. O coração bate por um, mas talvez fosse ter uma vida melhor com o outro. É improvável estar apaixonado por duas pessoas. Se você está vivendo essa situação, os psicólogos sugerem dar tempo ao tempo. Deixar as idéias amadurecerem, já que parte do que sentimos está baseado em idealizações. Além disso, há uma dinâmica: uma das pessoas amadas pode agir de um forma inesperada ou deixar de gostar de você. Um estilo de amor vai preponderar e a decisão vai ser tomada. É esperar o desfecho... Amar duas pessoas ao mesmo tempo vai contra as convenções sociais. Se o comportamento poligâmico parte de uma mulher, então, sai de baixo! São poucas as que conseguem aceitar o sentimento, e menos ainda as que ousam lutar contra o estigma, entregando-se a amores simultâneos. Tema polêmico até nas telinhas. Os psicólogos dizem que no século XVIII, vendeu-se a idéia de que casamento e amor andam juntos. A fidelidade é, inclusive, defendida pela lei. Mas não dá para esperar que o amor vá durar o mesmo tempo que o casamento, pois ele é um sentimento, um ato de vontade. Para eles, no momento em que entendermos que um amor não anula o outro, muitos casamentos serão preservados: é possível amar uma pessoa, estar muito bem com ela, e, ainda assim, se encantar com outra. O amor não tem regra, nem hora para chegar. Mas, se partimos do pressuposto que só podemos amar uma pessoa, acabamos caindo no preconceito de achar que há alguma coisa errada para termos despertado para outro homem. Essa conclusão é perigosa, podendo levar a terminarmos uma relação muito boa. Polêmico para nós, o assunto não despertaria muito interesse em outras culturas. A exclusividade do coração pode ser pré-requisito em alguns relacionamentos, mas quando nos afastamos de nossa realidade, encontramos exemplos de poligamia espalhados pelo mundo. Dos haréns afegãos às famílias mórmons americanas, os homens parecem ter o aval para manter uma coleção de esposas. Em nossa sociedade, a monogamia é uma questão cultural, tendo inclusive apoio religioso. São tentativas de legislar sobre o desejo humano, e, principalmente, sobre a sexualidade feminina. A nossa cultura é monogâmica, e tem tradição cristã. Inserida nesse contexto, quando a pessoa se percebe amando duas, entra em conflito.

Desde que nascemos, muitas coisas nos são ensinadas como verdades absolutas. Todos os meios de comunicação participam ativamente - televisão, cinema, teatro, literatura, rádio -, sem contar a família, a escola, os vizinhos. O condicionamento é tão forte que crescemos sem perceber que aprendemos a pensar assim ou a desejar uma ou outra coisa. Isso ocorre em todas as áreas, portanto, também no que diz respeito ao amor. As regras sobre o que é amar ou ser amado por alguém são muitas. Se você sentir isso, não é amor. Agora, se sentir aquilo, aí sim, é amor. Às vezes escutamos alguém dizer: "Se estiver me relacionando com uma pessoa e sentir desejo por outra, é porque, então, não a amo." Ou "Quem ama quer ficar o tempo todo ao lado da pessoa amada, nada mais lhe interessa."

No entanto, essas afirmações há muito são repetidas sem ser contestadas. E não é sem razão. Em primeiro lugar o ser humano parece não desenvolver muito sua capacidade de pensar e só repete. É mais fácil. Depois, as pessoas acreditam que ficar sem alguém ao lado para se protegerem é uma tragédia. Dessa forma, tratam de se convencer e ao parceiro de que as coisas são desse jeito mesmo, achando que assim evitam correr riscos. E vão limitando a própria vida e a do outro. É possível amar duas pessoas ao mesmo tempo? Sem dúvida, é possível amar bem mais de duas. Acontece até com freqüência, mas ninguém quer aceitar para si mesmo. Afinal, fugir dos modelos impostos gera ansiedade, o desconhecido apavora. Então, surge aquela desculpa esfarrapada: "É possível amar duas pessoas, mas não do mesmo jeito." É exatamente o que ocorre com a fidelidade. Em público todos negam, mas praticam em particular.



É difícil se aceitar que o amor é um afeto único. Mas amor é um só. É prazer na companhia, querer bem, participar da vida do outro, sentir saudade. Nós é que insistimos em dividir em compartimentos, classificando os tipos de amor: por filho, por namorado, por mãe, por amigo, por amante, como se fossem diferentes na essência. De singular e que podem distingui-los uns dos outros são só algumas características. No amor pelo amigo pode não haver desejo sexual, no amor pelo filho costuma predominar um desejo de proteção, e assim por diante. Portanto, podemos amar mais de um, no sentido mesmo do amor que encontramos no namoro ou casamento. Somos todos diferentes, cada um possuindo aspectos que agradam e que se buscam num relacionamento.

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